27 de jul. de 2011

Novas gerações rendem homenagem aos avós

Com um lugar cativo no coração de netos, bisnetos e até tataranetos, vovôs e vovós têm um dia especial, a próxima terça-feira
Alguns dizem que eles são pais duas vezes, outros cumprem rigorosamente o almoço semanal junto deles e as longas conversas repletas da experiência acumulada ao longo dos anos. E os vovôs e vovós têm uma data especialmente dedicada a eles na próxima terça-feira, quando comemora-se o Dia Nacional dos Avós. O Correio foi às ruas e descobriu histórias de vovôs e vovós que são uma lição de vida, seja ensinando, cuidando e até mesmo suando a camisa. Uns com pouca idade, outros com quase um século de vida.
É o caso de Maria Aparecida Pedrosa, ou simplesmente a vovó Cida, de 94 anos. “Mas já vou fazer 95 no dia 11 de agosto”, lembrou.
De olhos azuis e com mãos habilidosas para o crochê e para o corte e costura, é vovó 32 vezes. Teve 11 filhos e os netos aumentaram a família em mais 53 membros, os bisnetos. Esses, por sua vez, tiveram 38 filhos, os tataranetos de Cida. Dois deles já têm 17 anos. Ao todo, são 123 descendentes a partir dos netos.
Ela conta que se casou cedo, aos 14 anos. Dois anos mais tarde, teve sua primeira filha, a que lhe deu mais netos, dez no total. Foi vovó pela primeira vez aos 36 anos. Depois, os outros filhos foram chegando e a família sempre aumentando. “Me sinto muito feliz pela família que tenho, me orgulho de meus filhos terem aprendido tudo o que ensinei e terem passado de geração em geração”, disse Cida, que apesar de não saber ler nem escrever, domina muito bem as palavras.
Vovó Cida também tem uma ótima memória. Além de contar as histórias de sua vida com riquezas de detalhes, afirma que sabe todas as datas de nascimento dos filhos e netos, e nos aniversários faz questão de ligar para desejar felicidades.
Como a família não para de crescer, uma das filhas já providenciou um caderno com anotações com nome e data de nascimento de todos os membros. Caderno que ganhará duas novas marcações ainda este ano. É que duas bisnetas da vovó estão grávidas.
A família, que preparou uma grande festa de aniversário em 2006 para comemorar os 90 anos da matriarca, lembrou que há cinco anos eram cem descendentes, número que já passou para 123 e ainda este ano vai para 125. Por isso, a expectativa é grande para a comemoração dos 100 anos da vó Cida, que pretende reunir todos em uma grande reunião de família. “Eu me sinto recompensada com uma família dessas”, disse.
Em forma Com bem menos netos, mas com uma saúde de ferro, Neide Gianeri é fã das academias. Aos 54 anos e com três netinhos, ela não perde o pique e garante a ida à academia todas as noites. Para ela, a idade não é nenhum empecilho, mas gera desconfiança. “Muitos não acreditam quando falam que tenho três netos”, se diverte.
A rotina na academia é pesada, e não fica apenas nos exercícios aeróbicos.
Neide malha e defende a qualidade de vida. “Não interessa a idade, o importante é manter uma boa saúde, com exercícios regulares”, disse. Neide, que às vezes pratica boxe, disse que o neto de 8 anos já a desafiou para uma disputa, mas no videogame.
O filho Ederson Venâncio Lisboa, de 29 anos, diz que hoje incentiva a mãe. “Quando criança, era ela que me incentivava e sempre nos colocou para fazer esportes”, contou Lisboa, que assim como irmão é professor de educação física. E, se depender da vovó atleta, o destino dos netinhos também terá muito esporte.
Um vovô especial Sebastião Martins Vital, de 73 anos, não tem netos de sangue, mas se orgulha em dizer que é avô de mais de 500 crianças de creches municipais de Barão Geraldo. O vovô Sebastião, como é chamado pelas crianças, é conhecido por ser o jardineiro-poeta de Campinas e dá aulas para os pequenos dentro do projeto Plantas e Poesias. “É um trabalho maravilhoso, que me orgulha muito”, disse o vovô de Barão.
O segredo da longevidade, diz, está na maneira de encarar o mundo e nas atitudes. “Só de eu ter nascido já sou um vitorioso. E a vida é linda, por isso, precisamos aproveitar o lado bonito dela”, ensina Sebastião Assim como ensina as crianças, ele cultiva uma horta em sua casa, onde passa boa parte do tempo quando não está dando aula.
Para ele, ter o contato com os pequenos o faz cada dia melhor. “Quando eu chego na escola, é vovô Sebastião para lá, vovô Sebastião para cá. Isso não tem preço.” O vovô-professor também garante que volta a ser criança ao lado dos netos do coração. “Eu me divirto demais com crianças de 2, 3 anos. Um dia, uma aluna me falou que eu parecia com a irmã dela, de 3 anos, isso é muito bom”, se diverte. Para ele, a relação avô e neto não está na biologia, mas, sim, no coração. “É o sentimento de cuidado, de amor que me faz avô dessas crianças.”

Família reunida
A missão de reunir os integrantes da família para a foto da reportagem ficou com o neto Clodoaldo Osnir Mangulin, de 37 anos. Foram apenas dois dias para tentar juntar filhos, netos, bisnetos e tataranetos de Maria Aparecida Pedrosa, a vovó Cida, uma missão quase impossível.
Participaram do encontro as quatro gerações: três filhos, seis netos, oito bisnetos e um tataraneto, além de um marido e duas esposas dos netos. A última vez que a família se mobilizou para reunir os parentes aconteceu em 2006, no aniversário surpresa de 90 anos da matriarca.
A preparação começou cinco meses antes e “ainda assim foi difícil juntar todo mundo”, disse Mangulin, que falou do carinho que toda família tem pela vovó. “Ela é um exemplo de pessoa para cada um aqui.”.
Apesar de não estar completa, a família foi muito bem representada pelas gerações. A sessão de fotos despertou o comentário bem humorado da protagonista da história. “Está dando mais trabalho hoje (no dia da foto) do que quando criei todos os meus filhos”, brincou, garantindo os sorrisos de todos na imagem. (FT/AAN)
Fonte: artigo publicado no jornal Correio Popular de 24/07/2011.

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